Quando a violência é naturalizada....

Nesse post, não vou me deter ao caso do suposto estupro do BBB 12, mas o que esse caso trouxe à tona: a banalização da violência sexual.



No ano passado, a Fundação Perseu Abramo em parceria com o SESC mostrou os resultados da pesquisa “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado”, na qual 1 em cada 5 mulheres entrevistadas, afirma ter sofrido algum tipo de violência e esse número cresce  para 2 a cada 5 mulheres quando o pesquisador faz perguntas especificando os tipos de violência.  Um terço das que sofreram violência, informaram ter sofrido violência sexual.

Nessa pesquisa, 15% afirmaram que é dever da mulher ter relação sexual com o marido mesmo sem ter vontade. Isso é a demonstração de uma cultura, onde são séculos e séculos de submissão da mulher ao homem. Com certeza, ess@s entrevistad@s não consideram que a mulher se submeter a esse tipo de relação é um caso de violência. E não será espanto, se o caso do BBB não der em nada, é bem capaz da própria Monique achar que não houve problema algum, os dois estavam bêbados, já tinha rolado um clima entre eles... E espero que as meninas e as mulheres não vejam isso como exemplo. Fazer algo, seja sexo ou qualquer outra ação que fira a individualidade e a autonomia do outro é um ato violento.

Todas nós conhecemos casos parecidos como esses, que aconteceram com pessoas próximas ou até mesmo com alguma de nós, em que a violação do corpo foi naturalizada, banalizada e muitas vezes, a vítima foi dada como a responsável por conta da roupa, da postura, etc. Como diz minha xará Sabrina Alves:

Usar mini-saia NÃO AUTORIZA ESTUPRO; Andar sozinha na rua de noite NÃO AUTORIZA ESTUPRO; Beber em um bar sem estar acompanhada NÃO AUTORIZA ESTUPRO; Beber e ficar inconsciente NÃO AUTORIZA ESTUPRO; estar em uma festa com um monte de pessoas bebadas e dormir no meio delas NÃO AUTORIZA ESTUPRO; ser mulher, estar bêbada, em um reality show NÃO AUTORIZA ESTUPRO.

Lembrei-me de um post, que recomendo que leiam: O dia em que tive medo de ser mulher , é um relato bem tocante e mostra o que acho que quase todas nós já passamos e SENTIMOS  algum dia, seja na rua, no transporte público, no trabalho, etc. E como  o assédio sexual é tratado como algo com menor teor ofensivo.

Não podemos aceitar essa naturalização da violência, “Nosso corpo nos pertence”, já dizia as feministas das décadas passadas. E que possamos lutar e exigir respeito a nós como seres viv@s, human@s e mulheres! E isso não é algo individual, é uma luta coletiva.

E sobre a Rede Globo, sem comentários, há anos já descobri o quão podre essa emissora é, e isso se estende a outras emissoras tb!!!

Fotos da Marcha das Vadias : A Marcha das Vadias começou no Canadá, depois que um policial disse que para evitar o estupro, as mulheres não deviam se vestir como putas. Essa afirmação causou muita repercussão e as mulheres foram às ruas para protestar.

Comentários

  1. O que mais me chocou no caso foi os comentários das pessoas... É exatamente o que maioria pensa, "a menina atiçou o cara, tinha mais é que tomar mesmo...", comentários como esse me entristeceram muito!!! Quanto a posição da Globo, sem comentários, está dando total apoio ao Daniel, o mínimo que deveria fazer é deixar que a polícia cuide disso e configure como crime ou não!!! Outra coisa que me entristece é a cegueira das pessoas que no mínimo deveriam boicotar uma emissora como essa!!! Mas como não assistir à novela das 21h ou o BBB?!!!! Como sair da minha tão querida zona de conforto?!!!! Ultimamente o que mais tem me irritado é isso, ver as pessoas neste estado de inércia...!!!

    Sou a Michelle e assim falei!!!

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  2. Oi querida, eu acho que a repercussão desses casos é uma possibilidade de dialogarmos com as pessoas, sempre que vejo esses casos lembro de umas camisetas que vendiam na rua "Sorria, vc está sendo manipulado"... Vivemos numa sociedade machista, racista, homofobica, intolerante às religiões e a outras coisas... no mínimo, nossa função é resistir e lutar contra essas opressões. Abs, qq dia desses, qdo estiver inspirada, escreva sobre a violência no parto e sobre o seu trabalho lindo como doula e tb com dependentes químicos. Que Xangô te abençoe!!!!

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