Um pouco sobre Oyá-Iansã e a dança sagrada dos ventos
Ed Ribeiro |
Só quem já viu uma Oyá dançar para saber a beleza e
a sensação que é essa Yabá. Oyá é mãe de muit@s
filh@s , então quando toca para ela, é lindo demais
ver tantas filhas incorporadas por essa yabá tempestiva. E não tem como não se
contagiar pela energia, dá vontade de voar junto aos seus ventos.
Lendo o texto "A dança sagrada dos ventos", resolvi
escrever o post e compartilho um pouco dessa leitura e de Oyá com vocês...
Tomarei emprestado alguns trechos da tese de PASSOS
(2008) para descrever Oyá-Iansã, a senhora dos ventos e tempestades:
"Oyá é o orixá dos grandes
movimentos e das várias formas. Formas estas que representam seu domínio sobre
vários elementos da natureza, a sua essência é a liberdade inclinada à
constante transformação. Oiá-Iansã, em suas feições de arrebatamento,
inconformismo, coragem, atrevimento, cavalga com seus mistérios por todos os
elementos que comandam a natureza. Como carne humana é Oiá, como carne animal é
um búfalo sobre a terra e entre as folhas, como mulher lotada de sensualidade,
é um rio, é água; transformando-se em tempestade é vento e chuva, depois como
fogo, é raio e relâmpago.
Oyá corporifica a transgressão feminina. Orixá de personalidade austera, ao mesmo tempo em que é doce e complacente. Controla as suas finanças, cuida do sustento próprio e dos seus, é a protetora dos mercados, a zeladora das mulheres que trabalham e vivem das feiras livres, do comércio. Assegura proteção a toda e qualquer liderança feminina, possui um temperamento severo em suas ações, domina os lares dos quais faz parte. É um ser voltado à solidão e porta-se, diante da realidade, com características e hábitos comuns ao universo masculino. Mas é mulher, de sexualidade desenfreada, longe de repressões e de tabus que impeçam o seu prazer. É o orixá do vermelho-marrom que simboliza a intensidade de sua paixão. De acordo aos seus mais conhecidos mitos, Oyá é pura paixão.
Quando se toca uma música para um orixá, a letra cantada
relembra suas histórias e suas características. Por isso, cada orixá tem suas
cantigas e danças próprias. Nesse post, vou me deter a dança de Oyá – a dança
sagrada dos ventos, como bem define BARBÁRA(2004):
"Oiá é caracterizada por grande rapidez, agressividade,
determinação e grande variabilidade, percebe-se assim a personalidade da deusa
que expressa o elemento ar em movimento. O uso da polirritmia no toque de Oiá
tira a possibilidade de encontrar uma pausa no ritmo e dá ao toque a sensação
da impossibilidade de botar os pés no chão"
1) - um movimento circular no começo para delimitar o espaço sagrado, no qual ela concentra as energias da natureza: o ar, a água e o fogo. Essa rotação é feita também com movimentos dos braços que viram com o corpo todo, e simbolizam o ar que, em movimento, torna-se vento e, sempre mais rapidamente, furacão e tempestade (água);
2) - um movimento com linhas quebradas e continuamente mutante de direção. Como me explicou uma filha de santo, “o ar está em todo lugar, em cima, embaixo, de lado, em qualquer lugar”. Por seguir o movimento do ar, Oiá-Iansã encontra sempre novas direções, possui o espaço sagrado e ocupa-o agressivamente;
Oiá anda pelo barracão,
sem uma meta precisa, qualquer coisa nova a seduz e provoca um repentino câmbio
de direção. Esse movimento transmite o frêmito e a curiosidade de Oiá, que está
sempre a procura de algo ou de alguém. Pode parecer quase desesperada, nesse
seu andar sem meta e com tanta energia. Oiá é um orixá jovem e guerreira, que
abre os caminhos, lutando e limpando as marcas dos Eguns em qualquer lugar.
Outro aspecto é a leveza que ela expressa quando afasta os mortos, transporta
algo, ou abre o caminho para os seus devotos.”
Epahei!!!!
Fontes:
Agnes DoSantos |
Oyá corporifica a transgressão feminina. Orixá de personalidade austera, ao mesmo tempo em que é doce e complacente. Controla as suas finanças, cuida do sustento próprio e dos seus, é a protetora dos mercados, a zeladora das mulheres que trabalham e vivem das feiras livres, do comércio. Assegura proteção a toda e qualquer liderança feminina, possui um temperamento severo em suas ações, domina os lares dos quais faz parte. É um ser voltado à solidão e porta-se, diante da realidade, com características e hábitos comuns ao universo masculino. Mas é mulher, de sexualidade desenfreada, longe de repressões e de tabus que impeçam o seu prazer. É o orixá do vermelho-marrom que simboliza a intensidade de sua paixão. De acordo aos seus mais conhecidos mitos, Oyá é pura paixão.
A presença de
Oyá-Iansã, quando manifestada em seus filhos, se arvora em uma postura altiva e
impetuosa, típica das mulheres conscientes da sua majestade. O caminhar deste
orixá é o mais veloz entre as iyabás, ela põe os braços para trás e os cola em
suas costas, fechando as mãos um pouco acima das nádegas, e segue balançando-se
constantemente, como se a desafiar a quem a assiste. Em seu processo de
transmutação, de acordo a sua mitologia, Oyá também é animal, como tal é fechada,
rápida e selvagem. É búfalo que inclina a cabeça para baixo e segue
desbragadamente o seu curso em correria, mãos para trás, coluna reclinada na
horizontal à frente, movimentos abruptos, feições faciais cerradas”
Oiá viveu em várias
épocas, por isso possui ligações com vários orixás masculinos. O fato de ser
uma mulher-búfalo deixa bem claro a sua ligação com uma era pré-histórica
antiga e a sua relação com Oxossi, rei do mato e com Ogum da mesma estirpe de
Odê, o caçador. A sua ligação com Xangô originam-se dá descoberta do fogo que
ela doa aos homens. A ligação com Ogum é esclarecida também pelo seu trabalho
junto com ele na forja, para manipular o ferro. Enfim, sabe-se que de Omolu, a
livre deusa recebe o poder sobre os Eguns, que, em algumas lendas, seriam os
próprios filhos de Oiá-Iansã. Todos esses aspectos e outros mais são
expressados nas suas danças nas quais existem os seguintes aspectos gerais:
1) - um movimento circular no começo para delimitar o espaço sagrado, no qual ela concentra as energias da natureza: o ar, a água e o fogo. Essa rotação é feita também com movimentos dos braços que viram com o corpo todo, e simbolizam o ar que, em movimento, torna-se vento e, sempre mais rapidamente, furacão e tempestade (água);
2) - um movimento com linhas quebradas e continuamente mutante de direção. Como me explicou uma filha de santo, “o ar está em todo lugar, em cima, embaixo, de lado, em qualquer lugar”. Por seguir o movimento do ar, Oiá-Iansã encontra sempre novas direções, possui o espaço sagrado e ocupa-o agressivamente;
3) - um movimento nervoso, com impulsos súbitos e rápidos, que descreve a
eletricidade e a impaciência dessa energia;
4) - um movimento fluido e leve, que expressa o ar leve e a doçura do orixá,
levando os espíritos dos mortos ao orum.
Epahei!!!!
Barbára, Rosamaria
Susanna. A dança sagrada
do vento. In:http://www.caribenet.info/oltre_barbara_dan%C3%A7a_sagrada_vento.asp?l
Passos, Marlon Marcos Vieira. Maria Bethânia: os
mitos de um orixá nos ritos de uma estrela. In: http://www.posafro.ufba.br/_ARQ/marlon_marcos.pdf
OBS: Todas as fotos/figuras que posto no blog, ponho a autoria, exceto quando não as acho. Então, se souberem de quem são, me avisem para dar os devidos créditos.
Falando de minha mãe! Epahey! :)
ResponderExcluirQue deliciosa surpresa receber a visita desta borboleta. Vc acha que eu não falaria desta mãe guerreira, ela conquistou o coração do Rei e da sua filha. Bjus de tartaruga
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