Teste da Violência Obstétrica



A correria nem sempre permite que eu poste por aqui, mas enfim, consegui entregar o meu projeto de mestrado em um dia especial 08/03 (dia internacional da mulher). E como só agora estou voltando a colocar as coisas em ordem, tb é só agora que eu consegui postar sobre o Teste da Violência Obstétrica. Segue mais informações sobre o Teste, o texto é da Ana Carolina Franzon do Grupo Gênero, Maternidade e Saúde - GEMAS/FSP/USP




POR QUE CHAMAR A ATENÇÃO PARA A VIOLÊNCIA NO PARTO

Trata-se de uma ação que considera o contexto de regulamentação da Lei Maria da Penha, em contraste com a aceitação e a invisibilidade das variadas formas de violência obstétrica ou institucional, comuns em nossas maternidades.

Diversas pesquisas apresentam dados significativos a partir dos quais podemos afirmar que o modelo padrão de atendimento e cuidados no parto expõe as mulheres a quatro tipos principais de violência, durante sua internação: negligência; violência verbal (incluindo tratamento rude, ameaças, repreensão, gritos e humilhação intencional); violência física (incluindo negação de alívio da dor quando tecnicamente indicado); e violência sexual. (Ana Flávia Pires Lucas d’Oliveira, Simone Grilo Diniz, Lilia Blima Schraiber. Violence against women in health-care institutions: an emerging problem. Lancet 2002; 359: 1681–85).

Em 2011, a divulgação da pesquisa de opinião da Fundação Perseu Abramo e SESC, coordenada pelo Prof. Dr. Gustavo Venturi Jr (FFLCH/USP), Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Público e Privado provocou ampla repercussão: quatro em cada dez brasileiras relatam ter sofrido maus-tratos durante o trabalho de parto e parto. Ao mesmo tempo, a tese de doutorado na Faculdade de Medicina da USP de Janaína Marques Aguiar evidenciou que "quanto mais jovem, mais escura e mais pobre, maior a violência no parto."

Mais recentemente, as denúncias chegaram à base de nossa "pirâmide de hierarquias reprodutivas", as presidiárias e seus partos algemadas. Muitas instituições governamentais, civis e feministas posicionaram seu repúdio, e a sensibilização gerada pelas notícias culminaram no Decreto pelo Governador de São Paulo Geraldo Alckmin 'vedando' a prática. (http://www.observatoriodegenero.gov.br/menu/noticias/estado-de-sao-paulo-proibe-uso-de-algemas-em-detentas-gravidas)

Assim, em defesa dos direitos reprodutivos de todas as mulheres, em defesa de escolhas esclarecidas, de respeito às individualidades e à dignidade humana, promovemos esta blogagem coletiva. Por uma assistência ao pré-natal e ao parto segura, e de boa qualidade.

O Teste da Violência Obstétrica será divulgado no dia 08 de março e ficará no ar até o dia 15 de abril. No dia 30 de abril, divulgaremos os resultados desta pesquisa informal, que tem como objetivo sensibilizar as mídias sociais e outras instâncias para a grave questão da violência obstétrica.

O teste será respondido anonimamente e os dados individuais serão confidenciais.

INSTRUÇÕES - COMO PARTICIPAR:      Mande um email para partonobrasil@yahoo.com.br


Muito obrigada por apoiar essa ação em defesa do respeito às mulheres e da melhoria da qualidade da assistência ao parto no Brasil. Somente vamos conseguir mudar esse panorama se estivermos juntos.

Ana Carolina Franzon, Ligia Moreiras Sena e Fernanda Andrade Café
Blogs: Parto no Brasil, Cientista Que Virou Mãe e Mamíferas

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