Ogum


"Antigamente, os orixás eram homens.
Homens que se tornaram orixás por causa de seus poderes.
Homens que se tornaram orixás por causa de sua sabedoria.
Eles eram respeitados por causa de sua força,
Eles eram venerados por causa de suas virtudes.
Nós adoramos sua memória e os altos feitos que realizaram.
Foi assim que estes homens tornaram-se orixás.
Os homens eram numerosos sobre a Terra.
Antigamente, como hoje,
Muitos deles não eram valentes nem sábios.
A memória destes não se perpetuou
Eles foram completamente esquecidos;
Não se tornaram orixás.
Em cada vila, um culto se estabeleceu
Sobre a lembrança de um ancestral de prestígio
E lendas foram transmitidas de geração em geração para
render-lhes homenagem".


Lendas Africanas dos Orixá- Pierre Verger

Ogum é um dos orixás mais populares dentro do panteão africano tanto em território Cubano como Brasileiro. Ogum é o orixá ferreiro, ele é o responsável pela criação das ferramentas que proporcionaram aos homens se libertarem da instabilidade da vida. Antes de Ogum, os homens viviam uma vida tensa e de forma nômade já que não sabiam cultivar a terra, com o Axé de Ogum foi permitido aos homens a dádiva da evolução. Na África. No Brasil, Ogum é considerado o orixá da Guerra, sendo que na África este posto é dado a Xangô, pode-se dizer que ambos são orixás da Guerra com distinções sutis, Ogum é o orixá da Guerra para a defesa do que se possui e Xangô é o orixá da Guerra para a conquista do poder e da supremacia.
 
 
LENDAS
 

Agnes Dosanto
Conta a lenda que Oyá era companheira de Ogún antes de se tornar a mulher de Sàngó. Ela ajudava Ogún, Rei dos Ferreiros, no seu trabalho. Carregava docilmente seus instrumentos da casa à oficina. E aí ela manejava o fole para ativar o fogo da forja. Um dia Ogún ofereceu a Oyá uma vara de ferro, semelhante a uma de sua propriedade, que tinha o dom de dividir em sete partes os homens e em nove as mulheres, que por ela fossem tocadas no decorrer de uma briga. Sàngó gostava de vir sentar-se a forja apreciar Ogún bater e modelar o ferro e, freqüentemente, lançava olhares a Oyá. Esta, por seu lado, também o olhava furtivamente. Segundo um contador de histórias, Sàngo era muito elegante. Seus cabelos eram trançados como os de uma mulher. Sua imponência e seu poder impressionaram Oya. Aconteceu então, o que era de se esperar: ela fugiu com ele. Ògún lançou-se à sua perseguição. Ao encontrar os fugitivos, bradou sua vara mágica e Oya fez o mesmo, eles se tocaram ao mesmo tempo. E assim Ògún foi dividido em sete partes e Oya em nove. Ele recebeu o nome de Ògún-Mége-Iré e ela Ìyá Mésàn.

 
... a sua ira

Artista Agnes DoSanto
Ogum decidiu, depois de numerosos anos ausente de Irê, voltar para visitar seu filho (informação pessoal do Oníìré em 1952). Infelizmente, as pessoas da cidade celebravam, no dia da sua chegada, uma cerimônia em que os participantes não podiam falar sob nenhum pretexto. Ogum tinha fome e sede; viu vários potes de vinho de palma, mas ignorava que estivessem vazios. Ninguém o havia saudado ou respondido às suas perguntas. Ele não era reconhecido no local por ter ficado ausente durante muito tempo. Ogum, cuja paciência é pequena, enfureceu-se com o silêncio geral, por ele considerado ofensivo. Começou a quebrar com golpes de sabre os potes e, logo depois, sem poder se conter, passou a cortar as cabeças das pessoas mais próximas, até que seu filho apareceu, oferecendo-lhe as suas comidas prediletas. Enquanto saciava a sua fome e a sua sede, os habitantes de Irê cantavam louvores onde não faltava a menção a Ògún. Satisfeito e acalmado, Ogum lamentou seus atos de violência e declarou que já vivera bastante. Baixou a ponta de seu sabre em direção ao chão e desapareceu pela terra adentro com uma barulheira assustadora. Antes de desaparecer, entretanto, ele pronunciou algumas palavras. A essas palavras, ditas durante uma batalha, Ogum aparece imediatamente em socorro daquele que o evocou.
 
 
E por fim, é claro que tem música:
 
 
 
OGUNHÊ!!!
 
 
 

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