As yabás
Fonte: Afoxé Asé Omo Odé |
Dezembro é o mês das yabás (iabás, iyabás ou ayabás). E em muitas casas de candomblé, neste mês, ocorre a festa dedicada às orixás femininas, uma das mais belas e emocionantes que há.
Presentão para fechar o ano e começar o novo com axé renovado e as bençãos das nossas mães guerreiras. Compartilho com vocês, um texto muito belo do prof Vilson da UFBA sobre essa festividade.
Há tempos atrás, quando a cidade de
Salvador era um pomar, no mês de dezembro por ocasião da festa de nossa Senhora
da Conceição da Praia, realizada no dia 8 de dezembro, acontecia a festa das
frutas. A festa das frutas ou como se dizia, a festa das frutas do ano (manga,
lima, limão, figos e outras) é uma permanência no Novo Mundo de rituais antigos
que celebra os ancestrais através do oferecimento dos primeiros frutos da
terra. A festa das primícias é uma espécie de agradecimento aos antepassados,
assim se acreditava que o consumo destas antes do dia 8 de dezembro “fazia
mal.”
As civilizações africanas desde os primórdios realizaram festas para de sacralizarem os frutos da terra, ou melhor, para colocarem o presente dos ancestrais num nível que pudesse ser tocado pelos seres humanos, a partir da concepção de que tudo que sai da terra pertence a esta e é tão sagrada quanto a mesma.
As civilizações africanas desde os primórdios realizaram festas para de sacralizarem os frutos da terra, ou melhor, para colocarem o presente dos ancestrais num nível que pudesse ser tocado pelos seres humanos, a partir da concepção de que tudo que sai da terra pertence a esta e é tão sagrada quanto a mesma.
Extraido de Prandi - Mitologia dos orixás. |
Nas religiões de matriz africana,
as frutas especialmente estão ligadas às Iyabás, pois como estas, são
verdadeiros ventres que guardam as sementes. Nos terreiros de candomblé de
tradição jeje nagô estes princípios ancestrais ligados à terra, aos rios, às
cachoeiras, às matas, ao mar, aos ventos, são representadas como mulheres
guerreiras, caçadoras, comerciantes, médicas e artistas. Afirma-se também que
elas estão por toda a parte, no céu como a lua e as estrelas, no mar encantada
em qualquer peixe, sobre a terra em todos os seres vivos e no ar,
movimentando-se como o beija flor, a borboleta, as abelhas ou qualquer pássaro,
um de seus símbolos por excelência. De acordo com algumas histórias preservadas
nas comunidades terreiros, estão sempre se transformando em pássaros. O poder
de transformar-se ou encantar-se é outra característica das Yiabás.
Iyemanjá mesmo, a mãe dos orixás
encanta-se como qualquer peixe. Ela teria se transformado num rio a fim de
vencer uma montanha que se colocou como obstáculo no seu caminho. Oyá também se
encanta ora num leopardo, ora num búfalo. E como não lembrar de Oxun, a Iyabá
que “vestiu de planta”? E Ewá, a caçadora que tem o poder de ficar invisível.
Assim, as Iyabás estão presentes em
toda a nossa vida. Elas presidem todos os ritos de passagem, assim elas
acompanham desde o nascimento à morte. Até mesmo aquelas sobre as quais pouco
se fala como a velha Opaoká, cultuada nas centenárias jaqueiras, Agê Xalunga, a
que preside o comércio, Obá , guardiã de todas a mulheres e Nanan, a mãe
criadora e principio da transformação. Não obstante estes elementos que
apresentamos, o símbolo por excelência das Iyabás mesmo é a terra. Ela é a
grande mãe, a que nos sustenta, razão pela qual é saudada como Iyá mim,
literalmente minha mãe.
Tela de André Luiz Ferreira (Oyá, Oxum, Iemanjá, Obá, Euá e Nanã) |
O texto foi extraído de: http://vilsoncaetanodesousajunior.blogspot.com.br/2010/12/o-candomble-e-festa-das-frutas.html.
Autoria de Vilson Caetano de Sousa Junior - Antropólogo, Doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP e Pós Doutor em Antropologia pela UNESP. Membro do Centro Atabaque de Cultura Negra e Teologia, Grupo de reflexão inter-disciplinar sobre Teologia e cultura fundado no início dos anos 90 em São Paulo. Professor da Escola de Nutrição da UFBA, autor de vários livros na área de Antropologia das Populações Afro-Brasileiras.
Por fim, fiquem com um vídeo belo em homenagem às ayabás que achei no you tube.
Axé das nossas mães rainhas e guerreiras nesta passagem de ano e um 2013 bem odara a tod@s nós!!!
Saluba Nanã!!! Oraieie Oxum!!! Epahei Oyá!! Riró Euá!!! Obá Xi!!! Odoyá!!!
Muito obrigada por essas informações tão ricas. Axé!
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